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INSTITUTO SÃO VLADIMIR |
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O Brasil foi um dos primeiros países do mundo ocidental a abrir suas portas aos refugiados oriundos dos escombros sinistros da Segunda Guerra mundial. Conforme estatísticas, no período de 1951 a 1958 aportaram aqui, provenientes da China, mais de vinte mil famílias russas que instalaram-se, em sua maioria, no Estado de São Paulo. Grande parte deste contingente chegou sem dinheiro, sem moradia, sem conhecimento da língua portuguesa e sem profissão que pudesse aplicar de imediato, passando momentos difíceis em sua tentativa de aqui criar uma nova pátria. As dificuldades eram ainda maiores para os imigrantes com filhos menores. Os pais precisavam sair de casa para procurar trabalho e, quando o encontravam, não tinham onde e nem com quem deixar seus filhos enquanto trabalhavam pois encontravam-se num ambiente de costumes e idioma ainda desconhecidos. A pequena comunidade russa local em nada podia ajudar – não havia escolas-internatos e nem se cogitava essa idéia. O Vaticano preocupou-se com a sorte dessas pessoas e enviou para o Brasil sacerdotes e religiosos de rito eslavo-bizantino, conhecedores da cultura e idioma russos, para dar assistência adequada às necessidades destes imigrantes. O pioneiro desta missão foi o Pe. Philippe de Regis SJ, antigo reitor do Pontifício Collegium Russicum de Roma que, na época, residia na Argentina e visitava o Brasil com freqüência. Ele estava bem familiarizado com o problema dos imigrantes russos pois trabalhara muito tempo nos campos de refugiados na Europa, onde era bastante conhecido dos russos. Autorizado pelo Vaticano, ele chegou aqui com intenção de fundar um internato para meninos russos e procurou imediatamente resolver o principal problema: encontrar um recinto adequado para o internato. Nisso foi ajudado pelo Pe. Vassily Bourgeois S.J. que residia em São Paulo. Na época, o Pe. Vassili morava nas dependências da igreja de Vila Diadema e era amigo da família Zubarev, um casal russo de meia-idade - Ivan Antonovitch e Olga Leontievna. Estes viviam perto da igreja, numa casinha humilde, cercada de mato e goiabeiras. Certo dia, o Pe. Vassily, acompanhado pelo Pe. Phillip, visitou-os e lhes propôs que fossem trabalhar como educadores no futuro internato. A proposta foi aceita e, alguns dias mais tarde, o Pe. Vassily trouxe consigo três garotos que instalaram-se na casinha dos Zubarev. Os garotos eram os irmãos Aleksey e Leonty Glebov e Guerassim Andriukha. Isso ocorreu no fim do ano de 1953. Entretanto, considera-se 14 de março de 1954 como o dia da fundação oficial do Instituto São Vladimir. Nesse dia, na cidade de Itu, distante 100 km de São Paulo, nas dependências da igreja "Bom Jesus" foi oficialmente fundado o internato para meninos. O nome "Instituto São Vladimir", sugerido desde o início por Ivan Antonovitch Zubarev. foi imediatamente aceito por todos. Assim, começou a grande obra. Mais de 500 meninos passaram pelo Instituto São Vladimir que funcionou sucessivamente nas cidades de Itu (1954 a 1957), Santos (1958 a 1968) e, a partir de 1969, em São Paulo, encerrando suas atividades na década de 1980. |
Itu (1954 a 1957) | Santos (1958 a 1968) | São Paulo (1969-1980) |
Durante toda a sua existência, a infra-estrutura do Instituto jamais comportou um programa educacional interno completo. Por isso, todos seus alunos freqüentavam escolas locais. Dentro do Instituto as crianças aprendiam as tradições russas que incluíam catecismo, língua, história, costumes, cultura, música e danças folclóricas. O Instituto possuía todo o estilo e as tradições russas. Os esportes também eram muito incentivados incluindo futebol, voleibol, basquetebol, natação, tênis-de-mesa, xadrez, etc. Durante as férias escolares, os dirigentes do Instituto São Vladimir organizavam colônias de férias na praia para seus alunos e também para todas as crianças da colônia russa de São Paulo. Durante os 30 anos de existência do Instituto, neste trabalharam muitos padres e leigos. A vida seguiu seu curso, as condições de vida dos antigos refugiados melhoraram, as necessidades mudaram e o Instituto São Vladimir deixou de existir. Todavia, seus dirigentes e colaboradores podem olhar para os anos passados com a consciência tranqüila de dever bem cumprido. Nós, russos, devemos agradecer a estes padres estrangeiros que deram tudo de si para a juventude russa. No Instituto São Vladimir sempre reinaram paz e harmonia, pois a todos os seus alunos incutia-se o primeiro mandamento de Cristo: "Amai-vos uns aos outros". A existência do Instituto São Vladimir foi um acontecimento excepcional não só para as colônias russas em São Paulo e no Brasil, mas o foi também em escala mundial de solidariedade cristã. (Clique aqui para ver a história do Instituto São Vladimir na cidade de Itu) |